Além das fraudes em licitações, a Operação Spotless revelou um expressivo e, segundo o Ministério Público, incompatível aumento no patrimônio do prefeito de Terenos, Henrique Wancura Budke (PSDB). De acordo com a investigação, o patrimônio declarado pelo prefeito cresceu 691% entre as eleições de 2020 e 2024, um salto considerado incompatível com seu salário mensal de cerca de R$ 15,6 mil.
Em 2020, Henrique declarou à Justiça Eleitoral um patrimônio de R$ 776 mil. Quatro anos depois, o valor saltou para R$ 2,46 milhões.
No entanto, a investigação aponta que o valor real pode ser ainda maior. Cruzando os dados com o valor de mercado de seus bens, o Ministério Público estima que o patrimônio do prefeito chegaria a R$ 6,14 milhões em 2024, o que representaria um crescimento de 691%.
A investigação destaca a compra de imóveis rurais com valores supostamente subfaturados. A Fazenda Ipê Amarelo, em Aquidauana, foi declarada por R$ 1,5 milhão. Contudo, o valor de mercado de propriedades semelhantes na região indicaria um preço real de R$ 4,35 milhões, uma diferença de R$ 2,85 milhões.
Outro ponto que chamou a atenção foi a empresa Resilix Ltda, na qual o prefeito declarou uma participação de R$ 1.000,00. Segundo a Receita Federal, o capital social da empresa hoje é de R$ 2,23 milhões, o que elevaria a cota do prefeito para quase R$ 746 mil.
Para o Ministério Público, essa “progressão patrimonial incompatível com o cargo público exercido” é um forte indício de que o dinheiro das propinas era usado para a compra de imóveis e empresas, configurando o crime de lavagem de capitais.
A Justiça acatou o argumento, afirmando que as investigações apontam para “eventual lavagem de capitais, diante da questionável evolução patrimonial do investigado Henrique”.
ce