Investigado na Operação Ratio tem patrimônio de R$ 113 milhões em carros, caminhões e aviões

Alvo da operação Ultima Ratio, que em outubro do ano passado resultou no afastamento de cinco  desembargadores do Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul, o lobista Andreson de Oliveira Gonçalves, acumulou um patrimônio de R$ 113 milhões somente em caminhões, carros e aeronaves.

De acordo com reportagem do jornal O Estado de São Paulo publicada neste sábado (30), o suspeito de operar um esquema de venda de decisões nos tribunais de Mato Grosso do Sul, Mato Grosso e no Superior Tribunal de Justiça é dono de 396 veículos e quatro aeronaves.

A frota de veículos pertence à empresa Florais Transporte, que é suspeita de ser usada por Andreson para lavagem de dinheiro e pagamentos de propina.

A empresa tem apenas 48 funcionários e, segundo a Polícia Federal, não teria capacidade para operar toda a frota que possui. As informações foram levantadas pela PF na investigação sobre o esquema venda de decisões judiciais.

E foi esta empresa de transportes que fez repasses significativos ao advogado Felix Jayme, apontado como um dos principais envolvidos no suposto esquema de venda de sentenças judiciais no TM-MS, segundo a investigação da Polícia Federal durante a operação Ultima Ratio.

“Os dados do afastamento bancário de FELIX JAYME demonstram que a empresa FLORAIS TRANSPORTES transfere R$ 1,13 milhão para FELIX JAYME no ano de 2017, dos quais R$ 30 mil no mês de abril, R$ 700 mil no mês de junho e R$ 400 mil no mês de julho”, diz o erlatório da PF que fundamentou o afastamento dos desembargadores de Mato Grosso do Sul.

“Ocorre que, no mesmo período, imediatamente após o recebimento das transferências oriundas da FLORAIS, FELIX JAYME realizou a retirada em espécie de quase todo o montante recebido, totalizando R$ 1.090.250,00. Embora não tenha sido identificado o motivo do recebimento de tais valores por FELIX, nem a destinação dada aos saques, na mesma época, conforme exposto acima, os desembargadores SIDENI SONCINI PIMENTEL, VLADIMIR ABREU DA SILVA e JÚLIO ROBERTO SIQUEIRA CARDOSO, deram provimento a apelação em favor de cliente de FELIX JAYME”. Júlio Siqueira já estava aposentado em outro do ano passado, quando da deflagração da Ultima Ratio.

As informações foram produzidas em um relatório da PF enviado neste mês ao ministro Cristiano Zanin, do Supremo Tribunal Federal (STF). A PF está na fase final da investigação sobre um suposto esquema de venda de decisões envolvendo assessores do STJ.

Endereços ligados a Andreson foram alvo da operação Ultima Ratio, em 24 de outubro do ano passado, nas cidades de Cuiabá e Brasília. Alémde cinco desembargadores, sendo que quatro seguem afastados, a operação também resultou no afastamento de um juiz de primeira instância e de um conselheiro do Tribunal de Contas de Mato Grosso do Sul. O conselheiro já retornou ao cargo.

Andreson é um dos personagens centrais, suspeito de cooptar servidores do Judiciário em troca da obtenção de informações dos tribunais de diversas instâncias.

Chamou atenção dos investigadores o fato de que a Florais Transportes ter uma frota que é oito vezes maior do que seu contingente de funcionários.

O lobista também é dono da Florais Taxi Aéreo, que tem uma frota de quatro aeronaves no valor de R$ 16 milhões. A PF apontou indícios de irregularidades na operação da empresa, como a suspeita de que ela não é usada para aluguel de serviços de táxi aéreo.

“Embora formalmente autorizada a atuar como táxi aéreo, a estrutura operacional e os registros disponíveis não demonstram compatibilidade com essa finalidade. O volume reduzido de voos, a ausência de movimentação de uma das aeronaves, a inexistência de seguro obrigatório (RETA) nas certidões de matrícula e a subutilização geral da frota indicam desvio de padrão esperado para a atividade”, diz o relatório da PF.

Uma das hipóteses em apuração é que o lobista emprestava as aeronaves para o uso de autoridades do Judiciário, dentro de seu esquema de venda de decisões, segundo a reportagem do jornal paulista.

“Parte relevante desse material não apenas reforça hipóteses previamente estabelecidas, como também amplia o escopo investigativo, revelando conexões até então não identificadas e exigindo reorganização lógica e cronológica dos elementos já constantes dos autos investigativos”, apontou a PF.

 

 

 

 

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